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Maniçoba

No Brasil, não é segredo que diversas receitas nacionais têm suas origens desconhecidas. Esse fato possibilita que o imaginário popular possa ir longe com histórias que tentam explicar o como e o porquê da junção de certos ingredientes que a princípio não parecem bom juntos, mas que no final acabam se tornando uma saborosa mistura de sabores. A da maniçoba é sobretudo curiosa e guarda um grande mistério: quem descobriu que seu efeito venenoso só é inibido após sete dias de cozimento?

Para explicar melhor as peculiaridades da chamada feijoada paraense, é preciso passar por seus principais componentes. A receita leva carnes bovinas, suínas e diversos ingredientes defumados, mas não leva feijão –– ao invés do grão, ela leva maniva, folhas de mandioca-brava que ao serem moídas e cozidas, trazem uma coloração escura ao prato. A mandioca-brava não é a mesma mandioca que normalmente consumimos em casa cozida, frita ou em bolos e outras receitas. Elas são iguais na aparência, mas a sua principal diferença está no fato da brava ser altamente tóxica, já que possui ácido cianídrico. A solução? Cozinhá-la por sete dias para neutralizar o PH ácido presente nas folhas.

Em uma das teorias mais aceitas, estudiosos afirmam que o prato tem sua origem em tradições africanas, já que as carnes e embutidos, que também são usados na feijoada, remontam ao passado das senzalas e das comidas rejeitadas pelos senhores brancos da casa grande. Na cultura local, o seu consumo não é tão frequente quanto da feijoada em si, dado que a maniçoba está ligada à comemorações especiais, mas é isso que torna a receita tão significativa.  Especialmente na época do Círio, o cheiro da maniçoba invade as ruas de Belém, indicando que é novamente tempo de inúmeros fiéis se reúnem para celebrar o tão esperado Natal paraense!

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Ressalva

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