
por (fora de)
belém
bate papo
com
gustavo ferreira,
apresentador do programa
é do pará!
Você poderia compartilhar um pouco sobre sua trajetória como jornalista, e como surgiu a proposta do "É do Pará"?
Eu sou jornalista formado em Comunicação Social pela UFPA. Minha experiência em televisão foi toda na TV Liberal, desde 2012 quando comecei como estagiario de várias editorias, e também como produtor do EDP por alguns meses, até sair para trabalhar em um projeto de pesquisa em audiovisual na UFPA. Voltei em 2015 para produzir a série “Belém 400 Anos”, projeto que eu guardo com muito carinho até hoje, foi premiado e me aproximou da vivência com roteirização, exercitou um olhar mais macro de um programa de TV.
Após a série eu atuei como produtor do JL2, do JL1, e por dois anos trabalhei como produtor e editor do núcleo de Rede da TV. Outra experiência fundamental para a próxima etapa da minha carreira: a reportagem.
Desde fevereiro de 2019 eu já fiz reportagens para todos os telejornais da casa, apresentei o Liberal Comunidade por seis meses, e em novembro assumi as funções de apresentador e editor-chefe do EDP. Um desafio e tanto!
De quais maneiras você acredita que o programa contribui para a valorização da cultura local?
Eu acredito que a maior qualidade do programa é ser um espaço aberto para manifestações culturais de um estado imenso. Nenhum outro programa com as mesmas premissas tem tanta audiência como o EDP na TV aberta paraense, o que nos impõe uma grande responsabilidade. Aliás, várias. Uma das principais é com a pluralidade. Temos uma pretensão um tanto iconoclasta de evitar os estereótipos. Não queremos taxar a “cultura paraense” como um sabor só, apenas uma dança ou um modo de falar. Claro que vamos mostrar o carimbó de Algodoal ou o Arraial do Pavulagem, mas também temos portas escancaradas para o rap da periferia, o indie pop que surge forte na capital, o sertanejo do sul e sudeste do estado... Somos diversidade pura. É um programa que se diz “do Pará” precisa reverberar o que ele é.
Ainda há algumas limitações geográficas que nos impedem de mostrar lugares lindos desse estado, mas como dá a gente transmite um pouco do que é feito nos lugares mais distantes. Já fizemos materiais apenas com imagens de internet e videoselfies sobre projetos de todas as regiões paraenses, do Marajó ao Baixo Amazonas.
Outra grande responsabilidade é o respeito com as histórias. Quando nós vamos fazer uma reportagem é fundamental mostrar o cerne, quem começou aquela tradição, como ela se tornou o símbolo de uma comunidade ao longo do tempo, etc. Eu penso que conhecer e entender a construção histórica de qualquer manifestação artística e cultural é um passo fundamental para que possamos respeitá-la.
Além de tudo isso, o EDP tem uma outra função: serviço. Para o público saber onde estão os artistas e suas criações. E também para os artistas e fazedores
de cultura construírem redes, encontrar parcerias, entender legislação da área - recentemente nós produzimos uma reportagem sobre o projeto do Sistema Estadual de Cultura. Trazer essas pautas representa ser mais do que uma vitrine da cultura paraense. Queremos ajudar a fomentar a cultura paraense do jeito que podemos e sabemos fazer: com informação.
Quais os maiores desafios de apresentar o "É do Pará"? E as melhores partes?
Os grandes desafios de fazer o EDP envolvem uma coisa que eu já citei na resposta anterior: distâncias. Logisticamente é complicado dar cobertura à abrangência que o estado tem. Para isso contamos com a ajuda preciosa das seis equipes que temos em cidades do interior (Altamira, Castanhal, Marabá, Paragominas, Parauapebas e Redenção), e na pandemia começamos a usar uma ferramenta muito boa de integração: a internet. Conseguimos contar boas histórias só com vídeos de internet e WhatsApp. A edição do programa ainda está se acostumando com a nova realidade, os processos mudam, mas eu vejo como uma experiência extremamente salutar. Nos aproxima.
E nada é mais vital para o programa do que proximidade. Eu adoro viajar e o EDP me levou a lugares que eu nunca imaginei visitar, como Limoeiro do Ajuru, pertinho de Cametá. E em uma viagem nós devemos ir abertos, humildes, curiosos. Esse é o nosso exercício, e é uma delícia cada descoberta em um lugar, uma entrevista, uma receita nova. E não precisamos ir a outra cidade para viajar. Basta ter vontade de se abrir ao novo. Como o EDP pede novidade, é juntar a fome com a vontade de comer!
Além do "É do Pará", você conduziu programas especiais como "Belém 400 Anos"e "Expedição Pará". Em relação às demais culturas do Brasil, quais você acredita que são os aspectos que tornam a cultura paraense tão única?
Eu não gosto de fazer comparações entre culturas diferentes país afora, pois cada uma tem sua força simbólica no seu lugar, com seu povo. Eu acredito que temos singularidades incríveis, o que para mim como jornalista é ótimo.
Uma delas é nossa gastronomia, ponto pacífico quando falamos de Pará. Belem recebeu, recentemente, a renovação do sei de Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco. Acredito que, além dos sabores curiosos e
incríveis, a cultura alimentar amazônica tem uma riqueza que precisa ser respeitada e conhecida. Mais uma vez digo que é preciso conhecer e respeitar a história.
Outra característica que eu adoro no estado é a pluralidade musical. Por ser fã de música, eu gosto demais de fazer reportagens que divulguem trabalhos dos artistas que defendem todo tipo de ritmo. E revelar novos talentos é um prazer que gostamos de ter no programa.
Além dos sabores e dos sons há várias outras riquezas. Paisagens belíssimas, produção artística pulsante, religiosidade. E gente!
Para quem tem interesse em visitar e conhecer o Pará, quais locais você acredita que não podem faltar no roteiro de viagem? E quais dicas você daria para conhecer o máximo da cultura local?
Eu acho que visitar o Pará é algo para fazer mais de uma vez na vida. Marajó, as praias do nordeste paraense, Santarém, essas são opções que podem ser pontos de partida, e aí começa a expedição por Igarapés e balneários, trilhas pela floresta, turismo de aventura, turismo de patrimônio histórico, roteiros gastronômicos.
E a principal dica que eu dou para quem quer conhecer o máximo da cultura local é abrir a cabeça e o olhar. Eu gosto de contar e ouvir histórias, e o nosso estado tem muitas.
Na prática é necessário planejar as distâncias e o tempo para conhecer regiões do Pará, somos um “país” e as regiões têm configurações particulares. O Marajó tem um desenho geográfico diferente da região das ilhas de Belém, que por sua vez é diferente de Algodoal. Mas tudo vale quando estamos abertos completamente para a experiência.
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